No Senado Federal não há
surpresa
na decisão de quem será seu presidente, o candidato oficial do PMDB ao
comando do Senado Federal, o senador Renan Calheiros venceu o adversário
Luiz Henrique na eleição realizada neste domingo (1º), em Brasília, e
foi reeleito para continuar presidindo a Casa e, consequentemente, do
Congresso Nacional.
Apesar de ser o candidato de seu partido e favorito máximo a vencer o
pleito, Calheiros teve uma vitória relativamente apertada, em uma
Casa em que normalmente as disputas acabam com resultados mais folgados.
Antes da votação, Calheiros contabilizava contar com o apoio de 55
colegas. No total, entretanto, o legislador alagoano teve apenas 49
votos, seis a menos do que o esperado. Luiz Henrique, que contava com
38, recebeu 31. Apenas um voto foi nulo.
É a quarta vez que o
político
alagoano, no Congresso Nacional desde 1983 – quando foi deputado
federal por seu Estado – assume a presidência do Senado. "Comprometo-me
aqui no Plenário a triplicar o trabalho, quadruplicar a vontade e
qualificar o crédito concebido por senadores e senadoras para me
reeleger a esta função tão nobre", discursou Calheiros em discurso após a
confirmação de sua vitória. Assim como na na eleição para a presidência
da Câmara dos Deputados, o voto para o Senado é secreto.
"A disputa agora, Luiz Henrique, é passado. E todos nós ansiamos pelo
futuro. Serei presidente de todos os senadores. Desejo renovar meu firme
compromisso pela autonomia do Senado Federal. Por sua transparência."
Calheiros disputou o pleito com Henrique, colega de partido que lançou sua
candidatura
na semana passada, gerando um racha no PMDB. Em seu discurso antes da
votação, o catarinense citou "a aguda crise" que o Brasil enfrenta e
apelou para os protestos de 2013 para ressaltar a necessidade de
mudanças pelas quais o País precisa passar.
"O sentimento que vem das ruas ecoa no Congresso. Vejo de colegas uma
vontade de fazer nesta instituição todas as mudanças esperadas pelo povo
brasileiro. Mudanças políticas, econômicas, sociais", discursou
Henrique.
Trajetória
José Renan Vasconcelos Calheiros nasceu em família de classe média de
Murici (AL), em 1955. O pai, o comerciante Olavo Calheiros Novais, e a
mãe, a dona de casa Ivanilda Vasconcelos Calheiros, criaram dez filhos,
alguns deles mais tarde também engajados na política, como o deputado
estadual Olavo Calheiros e o prefeito de Olinda (PE), Renildo Calheiros.
Um dos três filhos de Renan com a artista plástica Verônica Calheiros,
Renan Filho, seguiu o mesmo caminho. Ele acaba de assumir o governo de
Alagoas.
A carreira política do atual presidente do Senado começou no campus
universitário, quando engajou-se no movimento estudantil e elegeu-se
presidente do Diretório Acadêmico da área de Ciências Humanas e Sociais
da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ainda estudante de Direito,
em 1978, foi eleito deputado estadual pelo Movimento Democrático
Brasileiro (MDB).
Renan tornou-se bacharel em direito em 1982, ano em que foi eleito
deputado federal. Na eleição indireta de 1985, votou em Tancredo Neves.
Em 1986, assumiu o comando do PMDB alagoano e elegeu-se deputado federal
constituinte. Na Assembleia Nacional, foi da subcomissão de Negros,
População Indígena, Pessoas Deficientes e Minorias, e da Comissão de
Ordem Social. Defendeu o parlamentarismo, a regulamentação do direito de
greve (inclusive do funcionário público) e as garantias sociais que
hoje estão asseguradas na Constituição. Uma das propostas de Renan que
marcaram a Constituição foi a que instituiu o voto facultativo para
jovens de 16 a 18 anos.
O então deputado começou o governo de Fernando Collor de Mello (1990)
como líder do governo na Câmara. Com o término do mandato na Câmara, em
janeiro de 1991, se tornou vice-presidente da Petrobras Química
(Petroquisa), subsidiária da Petrobras. Na legislatura seguinte, estreia
do governo Fernando Henrique Cardoso, Renan estava de volta ao
Congresso, desta vez como senador. Em abril de 1998, virou ministro da
Justiça, cargo que ocupou até julho do ano seguinte.
Em 2001, assumiu a Liderança do PMDB no Senado e integrou o comando
nacional do partido. Em 2002, relatou a medida provisória que
regulamentou o pagamento de benefícios a anistiados políticos. Trabalhou
pela aprovação do Estatuto do Desarmamento e foi autor do projeto de
resolução que convocou o referendo sobre a proibição de comercialização
de armas de fogo no Brasil.
Renan alcançou a reeleição para o Senado em 2002, para mandato que foi
até janeiro de 2011. No ano seguinte foi o relator do projeto que
instituiu o programa Bolsa Família, uma das grandes bandeiras do governo
Lula. No meio do mandato, em 2005, virou presidente do Senado pela
primeira vez, com o apoio de 72 dos 81 senadores.
Reeleito presidente com 51 votos contra 28 para o biênio 2007-2008,
Renan acabou se afastando do cargo depois de enfrentar denúncias no
Conselho de Ética do Senado.
O senador continuou no exercício do mandato até 2011, e foi reeleito
pelo povo de Alagoas para novo mandato, que se encerra em 2019. Foi
eleito presidente do Senado em 2013 e tenta agora a reeleição trazendo
como bandeira de campanha a modernização da Casa e o fortalecimento da
atuação dos senadores. Segundo os números apresentados pela direção da
Casa, medidas administrativas adotadas no último biênio geraram uma
economia de mais de R$ 500 milhões.
No olho do furacão de um dos mais comentados escândalos do Congresso dos
últimos anos, batizado de Renangate – referência ao caso Watergate –, o
senador foi acusado de receber ajuda financeira de um lobista em junho
de 2007. Na sequência, de usar laranjas para praticar negócios ilegais.
Em setembro do mesmo ano, quase teve seu mandato cassado por colegas.
Acabou, no entanto, absolvido. E permanece no Senado até hoje, para seu
quarto mandato como presidente da Casa.
FONTE: PB Agora com Agência Senado