Pescado fresco está na lista dos produtos mais consumidos na Semana Santa e segundo pesquisa já apresentou alta de 12,71%.
Eber FreitasRizemberg FelipeNo Mercado de Peixes, comerciantes sinalizaram que preço pode subir até R$ 3,00 com aproximação do feriado
As famílias que quiserem economizar nas
compras da Semana Santa devem se programar para pesquisar bem os preços e
evitar surpresas de última hora. Pesquisa realizada pelo Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica
que o aumento nos preços dos produtos mais vendidos no período como os
tradicionais pescados frescos, que tiveram alta de 12,71%, o dobro da
inflação oficial (6,15%).
Na reta final da Semana Santa, a procura por esses produtos aumenta e
o preço também dispara. Em João Pessoa, a cioba pode ser encontrada a
partir de R$ 20,00, mas varia até R$ 30,00; o atum inteiro varia entre
R$ 10,00 e R$ 25,00; já o peixe meca está sendo vendido por valores
entre R$ 24,00 e R$ 28,00. Importado, o bacalhau custa até R$ 45,00,
apesar de ter subido menos da metade da inflação (3,02%). No Mercado de
Peixes de Tambaú, alguns comerciantes sinalizaram que o preço pode subir
até R$ 3,00 com a aproximação do feriado, de acordo com a procura.
A assistente social Judigley Abrantes, que vai passar o feriado com a
família no interior e pesquisava preços de camarão no Mercado de Peixes
de Tambaú, se impressionou com a alta nos preços. "O camarão era R$
25,00 o quilo, agora está por R$ 40,00, tem até de R$ 60,00", reclama.
Não sem razão: segundo o Ibre, em 2013 o consumidor brasileiro pagou em
média R$ 48,00 a mais por produtos utilizados nas refeições da Semana
Santa. OVOS DE PÁSCOA
Os ovos de chocolate, produtos preferidos das crianças, têm preços
variados de acordo com o peso e a marca. Um produto de 170 gramas, por
exemplo, pode custar R$ 28,23, enquanto outro de 215 gramas é vendido a
R$ 21,66 – essa diferença é oriunda, muitas vezes, porque os ovos
veiculam imagens de programas e personagens infantis.
O empresário franqueado Ricardo Kretna, dono de duas unidades da
Cacau Show em João Pessoa, aposta na procura por chocolates finos para
aumentar as vendas. “Além do crescimento natural, estamos pegando uma
fatia do mercado que consome ovos de chocolate comuns e procuram ovos
finos”
De acordo com o presidente da Associação de Supermercados da Paraíba,
Cícero Bernardo, o movimento só deve aumentar com a proximidade da
Páscoa. “Geralmente é assim, já é tradicional. Esperamos que as vendas
superem as do ano passado em torno de 10% a 15%” CONSULTOR
Para o consultor financeiro Guilherme Baía, as famílias precisam
ficar atentas não apenas ao preço dos produtos, mas principalmente às
próprias escolhas. “Se escolher comer bacalhau em vez de filé de
merluza, vai pagar mais por isso. O maior problema são as escolhas, isso
é o que mais prejudica”, revela. Baía diz ainda que essas escolhas
variam conforme o significado da Semana Santa para as famílias. “Tudo
vai depender dos valores morais e religiosos associados à data. Um ovo
de páscoa para minha família não tem tanto significado, mas pode ter
para outra”, explica. VENDAS DE PEIXE
Recentemente, o arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, liberou os
fiéis paraibanos do jejum de carnes vermelhas e recomendou o “jejum de
palavras e fofocas”. A medida não agradou os mercadores de peixes, que
esperam um crescimento menor das vendas.
"Hoje em dia o movimento já não é mais tão bom. Já foi melhor. Agora
que o arcebispo liberou a carne, não esperamos que seja melhor que no
ano passado", afirma o vendedor Luciano dos Santos, da peixaria D.
Ramos.
Já a vendedora Gilvaneide Silva Barbosa espera um crescimento de até
50% nas vendas. “Geralmente ficamos até as 14h, mas a partir de quinta
ou sexta vai ter movimento até as 18h. No último fim de semana já
vendemos bem”, conta. Para ela, a carne vermelha não deve competir de
igual para igual com o peixe. "É uma questão de cultura, fica na cabeça
das pessoas. A maioria não muda o comportamento tão fácil". FORNECIMENTO BAIXO
Outro problema enfrentado pelos comerciantes é o fornecimento. A maioria reclama de baixo volume trazido pelos barcos de pesca.
“Nessa época, o peixe tem que vir de outros Estados, como o Ceará. A
pesca aqui é arcaica, os barcos são muito pequenos”, conta Luciano.
Já Gilvaneide renova o estoque de pescados com produtos comprados em
frigoríficos, mas garante que irá manter os mesmos preços até o fim da
Páscoa. Ednaldo Medeiros, dono da Peixaria Bom Jesus, de Mangabeira,
afirma que adquire peixes de pescadores em Baía da Traição, Cabedelo e
em Tambaú para assegurar o estoque.
“Estamos vendendo bem, esperamos um aumento de até 20% em relação ao ano passado”, diz. CG CONFIA EM COMPRAS DE ÚLTIMA HORA
Já em Campina Grande, restando menos de uma semana para o domingo de
Páscoa, o movimento ainda está abaixo do esperado pelos comerciantes.
Apesar da pouca procura pelos produtos típicos dessa época, os lojistas
estão otimistas, acreditando que assim como nos outros anos o
movimento será maior a partir de amanhã, devendo permanecer intenso até
o próximo sábado.
Para José Célio Castro, gerente de um supermercado na cidade, a pouca
procura pelos produtos é reflexo, principalmente, da data em que a
Páscoa será celebrada esse ano. “Ano passado a Semana Santa caiu nos
últimos dias de março, quase começo de abril, época que coincide com as
compras rotineiras das pessoas. Este ano, como a data será celebrada no
meio do mês, que tradicionalmente já é ruim em termos de movimento, a
procura está abaixo da média”, explicou.
Mesmo assim, a expectativa do gerente é que as vendas aumentem 12% em
relação a 2013. Os produtos mais procurados, segundo ele, são os ovos
de páscoa e o peixe.
“Ano passado faltou ovo de páscoa na loja. Por isso esse ano
reforçarmos o estoque, comprando 10% a mais, pois acreditamos que,
mesmo com essa pré-venda ruim, vamos superar a meta do ano passado”,
afirmou.
Apesar da cultura brasileira de deixar as compras para as últimas
horas, algumas pessoas já estão antecipando a busca pelos produtos
consumidos durante a Semana Santa. É o caso dos agricultores Josinaldo
Félix e Josefa Moreira. O casal decidiu comprar ainda no começo da
semana o peixe que há muitos anos é a principal refeição dos oito
membros da família no domingo de Páscoa.
“Já é tradição comer o peixe no domingo. Fiquei com medo de deixar
para a última hora e não encontrar mais para vender, ou então comprar
mais caro, por isso decidi levar logo”, disse. (Deborah Souza)
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