Pais de menino de 2 anos que morreu em Campo Grande (Foto: Tatiane Queiroz/ G1MS)
O pedreiro Rodrigo Juler Vieira, 22 anos, e a auxiliar de cozinha Maria
Selma Cardoso, 33 anos, ainda não se conformam com a morte do filho de
dois anos, que segundo a perícia ocorreu por intoxicação por monóxido de
carbono. O menino estava no carro com a família voltando do
supermercado e de uma visita à casa da tia no sábado (20). O casal só
notou que havia algo errado com ele ao chegar em casa.“Pensamos que ele estava dormindo, porque ele sempre dormia dentro do carro. Não imaginamos que uma coisa dessas podia acontecer”, relatou o pai em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (24).
Os pais relataram que saíram de casa com os filhos no sábado por volta das 15h. O garoto estava no banco de trás do carro com outras duas irmãs, uma de sete e a outra de oito anos. A família retornou do passeio por volta das 20h. O casal e as irmãs da vítima desceram do veículo e entraram em casa. “Eu tirei as sacolas do carro e depois pedi pra minha esposa pegar o menino”, disse o pai.
“Fui eu que tirei ele do carro. Ele estava molinho. Vi que tinha alguma coisa estranha porque ele não acordava. Fiquei desesperada”, afirmou a mãe ao G1. A criança foi levada para o posto de saúde do bairro Tiradentes. "Fizemos tudo, mas não conseguimos salvar nosso filho", disse o pedreiro.
Investigação
A delegada responsável pelo caso, Regina Márcia Rodrigues, afirma que toda a família prestou depoimento a respeito do incidente. Os pais confirmaram o que foi relatado no boletim de ocorrência, mas as outras duas filhas do casal deram versões que contradizeram a de Vieira e Maria Selma.
"Nós precisávamos esclarecer por que só essa criança sofreu essa intoxicação se estavam todos no mesmo carro, todos fizeram o mesmo trajeto", disse Regina, "Segundo o depoimento das meninas, havia uma perfuração no assoalho e dessa perfuração saía uma fumaça que vinha do escapamento, que estava com uma avaria. A criança brincava de aspirar essa fumaça".
O pai havia confirmado tal problema no veículo, mas relatou que havia mandado consertá-lo, restando apenas o cheiro impregnado nos estofados. Outro ponto controverso, conforme a delegada, é o relato do que aconteceu quando a família chegou em casa.
"As meninas disseram que, chegando em casa, por conta daquela fumaça, todos saíram correndo do carro. Elas se queixavam de dores de cabeça, de tontura, foram correndo para a cozinha. Foi dado leite a elas e só depois é que a crianã [vítima] foi retirada do carro. Eles [pais] acreditavam que ela estava dormindo", conta Regina.
O que a polícia quer saber agora, conforme a delegada, é o tempo que levou até que o garoto fosse encaminhado para socorro. "Em que momento voltaram ao carro e retiraram a criança? Quanto tempo isso demorou? Esses questionamentos ainda restam ser esclarecidos", diz.
Para Regina, se for comprovado que houve negligência por parte do casal, eles podem ser indiciados por maus-tratos.
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