domingo, 5 de agosto de 2012

João Pessoa, 3ª capital mais antiga do Brasil, completa 427 anos

Do G1 PB

Neste domingo, dia 5 de agosto, são comemorados os 427 anos da cidade de João Pessoa. Forjada às margens do Rio Sanhauá, por conta do relevo que permitia uma melhor defesa de possíveis ataques inimigos, nasceu para impedir avanços de hordas de guerreiros indígenas aos portugueses instalados ao Sul, conforme afirma o escritor Wellington Aguiar, autor de sete livros que abordam a história da capital paraibana, dentre eles “Uma cidade de Quatro Séculos”, em parceria com o historiador José Octávio de Arruda Melo, e “Descrição Geral da Capitania da Paraíba”, em parceria com o também historiador Marcus Odilon.
Wellington Aguiar escreveu sete livros que contam a história da cidade de João Pessoa ao longo de seus anos (Foto: André Resende/G1)Wellington Aguiar escreveu sete livros que contam a
história da cidade de João Pessoa ao longo de seus
anos (Foto: André Resende/G1)
Uma cidade que nasceu para ser cidade. Assim como a coroa portuguesa tinha feito poucos anos antes com Salvador e com o Rio de Janeiro. Não por acaso possui o título de terceira capital mais antiga do Brasil, justamente atrás das capitais baiana e fluminense. Antes de ser João Pessoa, foi chamada por diversos nomes. Filipeia, Filipeia de Nossa Senhora das Neves, Frederica ou Frederikstad e Parahyba foram alguns deles. Um lugar que antes de ser cidade foi terra dos guerreiros povos tabajara e potiguara, conforme Aguiar.
Para Wellington Aguiar, quando se conta a história de João Pessoa é preciso passar por três momentos marcantes de seus mais de 400 anos. A paz selada entre portugueses e indígenas em 1585, a ocupação holandesa em 1635, que durou 20 anos, e a morte do então presidente da Paraíba, João Pessoa, em 1930.
“Os índios potiguaras e tabajaras viviam em guerra. Cerca de 4 mil tabajaras e pouco mais de 10 mil potiguaras. Até então não havia relações amistosas com os portugueses. Somente quando o cacique tabajara Piragibe mandou dois guerreiros em expedição falar com Martim Leitão, ouvidor do Brasil em Pernambuco, foi que começou a se esboçar uma paz. Selada justamente no dia 5 de agosto de 1585, que não foi propriamente o dia da fundação da cidade, mas o primeiro passo para sua formação”, comentou.
Diferentemente do que foi convencionado, o escritor afirma que a data verdadeira da fundação de João Pessoa foi o dia 4 de novembro de 1585. “Em 5 de agosto de 1585, os portugueses não tinham vindo para fundar a cidade, apenas para selar a paz com o povo tabajara. Tanto é que se tratava de uma expedição pequena comandada por João Tavares. Não trouxeram engenheiros, cavoqueiros, muito menos pedreiros. Era uma expedição de paz”, afirma Aguiar. A cidade só seria fundada após a vinda de Martim Leitão, que só chegou em solo paraibano no final de outubro, dando início à cidade apenas no início de novembro de 1585.
Escritos de um padre jesuíta anônimo, que segundo Aguiar só permaneceu desconhecido pois na época a Igreja Católica não permitia que assinassem publicações, relata a vinda do ouvidor até a Paraíba e o início da cidade no dia 4 de novembro. A paz parcialmente selada com a fundação da cidade duraria 50 anos, pois em 1635, os portugueses perderiam o espaço para o holandeses, que ficaram com o domínio de João Pessoa por cerca de 20 anos.
Uma tropa portuguesa comandada por Vidal de Negreiros, um dos grandes heróis da Paraíba, segundo o historiador, foi responsável por devolver o domínio de João Pessoa à coroa portuguesa.

Ocupação holandesa e a morte de João Pessoa
Após a expulsão dos holandeses, passaram-se mais de 200 anos até chegar ao último fato marcante de sua história, a morte de João Pessoa, conforme Wellington. Segundo o escritor, o fato de transformar a cidade de Parahyba em João Pessoa, não foi uma determinação política, mas uma manifestação da população. “Diversas passeatas e manifestações foram feitas pela população pedindo a mudança do nome. Inclusive o primeiro movimento realizado pelas mulheres paraibanas, as alunas da Escola Normal”, comentou.
Admirador da política do então presidente do estado, como era chamado o cargo de governador em meados de 30, Wellington Aguiar, também autor do livro “João Pessoa - O Reformador” onde transcreve as cartas escritas por João Dantas antes do assassinato do presidente da Paraíba, explicou que João Pessoa remodelou a política oligárquica que dominava o estado.
A Avenida Epitácio Pessoa, segundo Wellington Aguiar, foi um dos avanços pensados pelo presidente do estado João Pessoa (Foto: Arion Farias/Arquivo Pessoal)A Avenida Epitácio Pessoa, segundo Aguiar,foi um
dos avanços pensados pelo presidente do estado
João Pessoa (Foto: Arion Farias/Arquivo Pessoal)
“Nomeou novas pessoas livre das oligarquias em todas as esferas. Inclusive, indo de encontro com o que seu tio Epitácio Pessoa, oligárquico, e seus demais familiares pregavam na época”, ressaltou. Fato que, segundo Aguiar, levou à sua morte. “João Dantas matou João Pessoa não foi por conta de mulher, mas pelas sucessivas decisões de João Pessoa que afetavam os rumos comerciais da família de Dantas. Antes do crime, ocorrido na Confeitaria Glória, na capital pernambucana Recife, houve muitas trocas de farpas entre os dois por meio de jornais da Paraíba e de Pernambuco”, revela.
De acordo com Aguiar, poucos meses depois da morte de seu presidente, a Paraíba passava a chamar sua capital de João Pessoa. “João Pessoa morreu em julho de 1930, em setembro do mesmo ano seu nome foi dado à capital do estado”, completou o escritor.
Chamada por vários nomes ao longo dos anos. Nascida para ser cidade e formada para proteger, João Pessoa chega aos seus 427 anos, completos cronologicamente somente em 4 novembro e simbolicamente em 5 de agosto, como uma cidade que, mais que história, possui relatos de conquistas, avanços e vitórias.

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