Escola Estadual Enéas Carvalho em Santa Rita, na
Paraíba (Foto: Inaê Teles/G1)
Nesta quinta-feira (12) a escola estadual Enéas Carvalho em Santa Rita, região metropolitana de João Pessoa, que foi cenário de um tiroteio na tarde da quarta-feira (11), estava funcionando normalmente. No entanto, várias mães estiveram na instituição para solicitar a transferência dos seus filhos para outras escolas.Paraíba (Foto: Inaê Teles/G1)
Na quarta-feira dois adolescentes fardados entraram no colégio e um deles disparou seis tiros. Três alunos ficaram feridos. Um deles, um estudante de 15 anos que foi baleado, segundo a polícia, era alvo do atirador e disse ao G1 que está pensando em parar de estudar.
Após prestar depoimento no Núcleo de Homicídios em Santa Rita, o adolescente de 15 anos disse que discutiu com o atirador de 16 anos dias antes do atentado. Ele disse ainda que os dois suspeitos são alunos da escola. Os familiares da vítima disseram que estão há um mês na Paraíba, mas já pensam em retornar para o Rio de Janeiro.
Os suspeitos de 16 e 13 anos de idade foram detidos no final da manhã desta quinta-feira em Santa Rita. A arma utilizada no crime não foi encontrada.
A diretora da instituição, Maria Lúcia Cabral, explicou que nesta quinta-feira, antes das aulas começarem, a direção fez uma pequena reunião com os representantes de sala e passou algumas orientações para os estudantes repassarem aos colegas de turma. “Estou muito triste com tudo isso que aconteceu”, disse a diretora.
É o caso de uma das filhas da doméstica Maria Amanso da Silva que estava na escola no momento do tiroteio. Assustada com o que aconteceu, a adolescente de 14 anos pediu para mãe ir à escola e solicitar a mudança de turno. Sobre o receio da filha, a doméstica disse que a instituição é segura e que o atirador entrou fardado se passando por aluno. Ela disse também que tem certas coisas que não podem ser evitadas. “Pode acontecer até pior, mas a gente tem como evitar?”, disse.
Maria José quer transferências dos três filhos
para outra escola (Foto: Inaê Teles/G1)
Diferente da doméstica, Maria José de Lima Melo, que também é mãe de alunos, disse que não quer mais os filhos na escola. Ela foi nesta quinta-feira solicitar a transferência dos filhos para uma outra instituição de ensino em Santa Rita. “Pisaram na minha filha durante a correria e ela se machucou. O meu filho de 15 anos foi ameaçado dentro da escola. Meu filho não quer mais ficar aqui. Ele está traumatizado”, disse Maria José que tem três filhos no colégio. Para ela, a solução para a insegurança seria revistar os alunos na entrada da escola.para outra escola (Foto: Inaê Teles/G1)
De acordo com a direção, atualmente a escola conta com 2.998 alunos nos três turnos e apenas cinco inspetores. A diretora Maria Lúcia Cabral disse que está recebendo orientação da Secretaria da Educação para implantar estratégias para evitar que episódios semelhantes ocorram novamente.
“Estamos pensando também em colocar crachás em cada aluno”, disse a diretora que ainda não tinha o número aproximado de solicitações de transferências e mudança de turno dos alunos.
"Meu filho disse que sou um herói"
Emanuel Pereira Bezerra socorreu uma das
estudantes feridas (Foto: Inaê Teles/G1)
Por volta das 13h30 da quarta-feira (11) o inspetor Emanuel Pereira Bezerra estava no portão de entrada da escola estadual Enéas Bezerra quando ouviu quatro tiros. Enquanto os alunos saiam correndo do colégio, o inspetor que estava no segundo dia de trabalho, seguia na direção contrária.estudantes feridas (Foto: Inaê Teles/G1)
"Eu entrei na escola e mandei os alunos se abaixarem". Ele ouviu mais dois tiros e encontrou uma das estudantes feridas em uma das salas. O inspetor tirou a camisa, colocou no braço da garota na tentativa de estancar o sangramento e pediu para ela se acalmar.
O inspetor disse que quando ouviu os disparos não pensou no perigo que estava correndo "Na adrenalina, o meu instinto de ajudar as pessoas pesou mais", disse Emanuel que já trabalhou como vigilante e disse nunca ter presenciado algo parecido. "Quando eu cheguei em casa, meu filho de 7 anos disse que eu era um herói", contou o inspetor.
A adolecente de 17 anos foi baleada no braço e encaminhada para Hospital e Maternidade Flávio Ribeiro Coutinho, em Santa Rita. Posteriormente ela foi transferida para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. De acordo com a assessoria da unidade, a adolescente passou por cirurgia e segue internada apresentando quadro de saúde regular. Os outros dois adolescente que também foram feridos já receberam alta hospitalar.
Violência na escola
Obra na escola estadual Enéas Carvalho começou
em maio de 2011(Foto: Inaê Teles/G1)
A diretora Maria Lúcia Cabral disse que o colégio vem sofrendo com problemas de violência desde maio de 2011, quando uma reforma começou na área que fica por trás da escola. Com isso, um portão está sempre aberto para a entrada de materiais de construção, fazendo com que pessoas que não deveriam ter acesso ao lugar, consigam entrar e sair sem dificuldades e sem identificação.em maio de 2011(Foto: Inaê Teles/G1)
“Nunca tínhamos enfrentado esse tipo de problema, e então veio essa obra. Já faz quase um ano que pessoas entram e saem por esse portão sem nenhum tipo de identificação. Pessoas entram armadas ou com drogas e não podemos fazer nada, está fora do nosso alcance”, disse a diretora.
Nesta quinta-feira (12) a escola colocou um dos cinco inspetores para vigiar o local da construção. “Muita gente entra por aqui para fazer baderna na escola”, disse o inspetor José Estélio da Silva. De acordo com ele, a obra de estava prevista para ser concluída em 180 dias. "Em maio vai fazer um ano que essa obra começou", disse.
De acordo com a diretora, em maio de 2011 um estudante atirou dentro da escola. “Um aluno ficou com raiva da espera na fila da merenda escolar, foi em casa buscar uma arma, entrou pelo portão da reforma e deu um tiro para cima, apenas para assustar”, lembrou. Ela comentou também, que após esse primeiro episódio foi feito um pedido ao Conselho Tutelar para que houvesse revista na entrada dos estudantes, mas foi informada que a revista de menores não é permitida.
http://g1.globo.com/paraiba/noticia/2012/04/apos-tiroteio-alunos-e-funcionarios-seguem-com-medo-em-escola-da-pb.html em 12/04/2012
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