Família de Gabriela Nichimura no Japão
(Foto: Arquivo Pessoal / Silmara Nichimura)
Após adotar o silêncio como resposta durante os dias posteriores à morte de Gabriela Yukari Nichimura, de 14 anos, que caiu do brinquedo "La Tour Eiffel", no parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (SP), Silmara Nichimura, mãe da vítima, falou ao G1 com exclusividade nesta quinta-feira (12) sobre a rotina da família após retornar à cidade de Iwata, na região nordeste do Japão, e a saudade da filha. "Eu gostaria de fechar os olhos e ver que tudo foi simplesmente um pesadelo que passou, mas não é possível", resume.(Foto: Arquivo Pessoal / Silmara Nichimura)
Silmara conta que a família recebeu diversas manifestações de solidariedade prestadas por amigos, uma vez que o caso também repercutiu no país onde vive há 19 anos. "Eu tremi quando fomos à escola onde a 'Yu' estudava, foi o momento mais difícil, pois a vida dela era praticamente ali. Fui recepcionada com homenagens, cartinhas e houve uma cerimônia geralmente feita somente aos japoneses. Cheguei a ficar constrangida por tanto amor e carinho", lembra emocionada. O acidente ocorreu em 24 de fevereiro e a família retornou ao Japão em 31 de março.
O quarto de Gabriela, segundo a mãe, permanece decorado com pelúcias, fotografias, imagens de mangá e adereços que a filha gostava. "Não consegui mudar nada ainda, ela sempre foi uma menina muito delicada. Eu entro, dou uma limpadinha, mas não consigo...".
Além disso, Silmara ressalta que a família planejava a comemoração do aniversário de 15 anos da adolescente. "Quando fomos ao Brasil, a gente ia sair para começar a olhar os vestidos para fazer a comemoração, que seria em 13 de outubro". No Japão, a tradição ressalta os 20 anos, em alusão ao significado de maturidade.
Quarto de Gabriela Nichimura permanece decorado
(Foto: Arquivo Pessoal / Silmara Nichimura)
Lembranças e dificuldades(Foto: Arquivo Pessoal / Silmara Nichimura)
A curiosidade de Gabriela, segundo a mãe, era presente não apenas no sonho de ser jornalista na capital Tóquio, mas também em hábitos do cotidiano. "Ela apreciava muito comer, experimentar sabores. Doeu o coração quando amigos trouxeram cestas de café da manhã e ela não estava aqui para dizer. 'Olha mãe, que delícia. Vamos experimentar um pouquinho de tudo?'".
Além do trabalho de cuidadora (helper), Silmara dedica-se a cuidar da filha Hanna, de 7 anos, que ainda encontra dificuldades para retomar à rotina de antes da viagem. "Eu e o Armando (marido) queremos proteger de todos as formas. Ela anda muito manhosa, não quer dormir no quarto dela. No começo da aula não queria ir sozinha, mas agora já está mais feliz. Estamos nos readaptando", explica.
Volta ao Brasil e investigações
A família de Gabriela acompanha a sequência das investigações pela internet e por meio de conversas com o advogado Ademar Gomes. Silmara informou que o parque não propôs acordo para o pedido de indenização. Sobre o trabalho da perícia feita no brinquedo "La Tour Eiffel", resume que "prefere acreditar na qualidade do trabalho". O delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior aguarda o laudo produzido pelo Instituto de Criminalística de Campinas para apontar os indiciamentos e concluir o inquérito.
Ao ressaltar que não possui o sentimento de revolta, a mãe de Gabriela emociona-se ao lembrar da divulgação de fotos pela internet que exibem a filha após o acidente. "Me entristece, não me conformo. A saudade é muito grande, prefiro as boas lembranças da Yukari, pois é o que me conforta".
Gabriela morreu após acidente no parque Hopi Hari (Foto: Arquivo Pessoal / Silmara Nichimura)
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/04/queria-que-fosse-um-pesadelo-diz-mae-de-menina-morta-no-hopi-hari.html
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