terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Na PB, mulheres viram artesãs e empreendedoras após a maternidade

Inaê Teles Do G1 PB

Artesãs Ana Lúcia e Daniella Branco mostram os itens que fizeram na Paraíba (Foto: Arte/G1)Artesãs Ana Lúcia e Daniella Branco mostram com orgulho as pessas que já criaram (Foto: Arte/G1)
A maternidade desperta diversos sentimentos nas mulheres, e não é só aquele de amor incondicional. Nos casos de Daniella e Ana Lúcia, o passar dos anos de seus filhos, Sarah e Pedro Ramon, fizeram delas mulheres empreendedoras. É que a fisioterapeuta Daniella Santos Branco, de 27 anos, e a universitária Ana Lúcia, de 26 anos descobriram, sem querer, que ao criarem a decoração das festinhas de aniversários dos filhos poderiam também transformar a atividade em fonte de renda.
.A analista e gestora estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, Maria José Menezes, explicou que pesquisas apontam que as mulheres são responsáveis por 49% dos empreendedores do país. E que muitos dos casos de sucesso começaram como os de Daniella e Ana Lúcia. "As mulheres começam a partir de algo que fazem e em seguida outras pessoas tomam conhecimento, acham bonito e assim elas decidem abrir uma empresa", explicou Maria José.
Ana Lúcia com o filho Pepeu na Paraíba (Foto: Inaê Teles/G1)Ana Lúcia com o filho Pepeu (Foto: Inaê Teles/G1)
Daniella fez as lancheiras, enfeites de mesa e toda decoração da festa de 2 anos da filha Sarah, que hoje está com 3 anos. “As pessoas acharam lindas minhas peças e depois começaram a encomendar”, ela contou que, após receber incentivos do marido, resolveu criar um blog e postar fotos das outras peças de decoração feitas por ela. Em pouco tempo Daniella recebeu outras encomendas. “Uma cliente de Manaus viu as fotos dos produtos e encomendou. Ela me disse que em 15 dias vendeu tudo. Já recebi encomendas do Paraná, São Paulo e Recife”, disse.
Já Ana Lúcia começou organizando seu próprio chá de bebê em agosto de 2011. Ela gostou da ideia de confeccionar os convites e as lembranças da comemoração e hoje está fazendo toda decoração da festa de 1 ano do filho Pedro Ramon, o Pepeu. A ideia surgiu quando ela foi para uma festa infantil da família e ficou encantada com a decoração. “Avó da criança tinha feito toda a festa”, disse Ana Lúcia que observou os detalhes dos enfeites e decidiu que era capaz de fazer ela própria a decoração da festa de Pepeu. Assim como Daniella, Ana Lúcia agora quer investir no artesanato. “Penso continuar com a atividade e fazer a decoração de festas infantis, 15 anos e casamentos”, disse.
Preparativos das festas
Os itens feitos pelas mamães vão, desde as embalagens para os brigadeiros até os arranjos das mesas. Mas para conciliar as tarefas domésticas, estudo e trabalho com os preparativos paras as festas de Sarah e Pedro, as mães artesãs precisaram se organizar com meses de antecedência.
Artesanato de Daniella Branco é comercializado na Paraíba e em outros estados (Foto: Inaê Teles/G1)Peças feitas por Daniella para festa "Jardim das Flores" da filha Sarah (Foto: Inaê Teles/G1)
Ana Lúcia, por exemplo, usou os últimos sete meses para preparar a festa e sua varanda virou o ateliê. No local é possível ainda encontrar papel para scrapbook, furador, tesoura, fita banana, fitas, tecido e cola. A festa do “Ursinho Marinho” aconteceu no dia 9 deste mês. “Eu comecei a fazer em maio deste ano e, no início, fazia todos os dias do período da tarde porque ainda não trabalhava e fazia faculdade pela manhã. Na foi fácil porque eu não fiz só scrapbook. Também teve trabalhos em pintura, em MDF e tecido”, explicou.
E para preparar os artigos das festas as mães tiveram uma grande aliada, a internet. Elas encontram diversos vídeos ensinando todo o passo a passo para elaboração dos objetos de decoração. “Procurei o tema da festa em sites e encontrei dicas de scrapbook na internet”, explicou Ana Lúcia que escolheu “Ursinho Marinho” como tema. O scrapbook nada mais é do que colagem para personalizar objetos. “Adoro mexer com papel, cortar e colar”.
E além do prazer que elas contam sentir por estarem produzindo os objetos para as festas dos filhos, as mães dizem que o trabalho se tornou uma espécie de terapia. “Está valendo muito a pena. Adoro fazer aqui no terraço olhando para o mar. É um momento de você com você. Fico relaxando”, disse Ana Lúcia. Daniella também compartilha da mesma opinião. “É uma terapia para mim”, disse.
Ana Lúcia é uma mãe que tá dando os primeiros passos para se tornar uma empreendedora na Paraíba (Foto: Inaê Teles/G1)Ana Lúcia preparando as peças para festa "Ursinho
Marinheiro" do filho Pedro (Foto: Inaê Teles/G1)
“Sai muito mais em conta, apesar do trabalho”, explicou Ana Lúcia que acredita ter economizada em média R$ 300. “Por exemplo, uma lembrancinha encomendada que custa R$ 3,50 eu faço uma igual e gasto R$ 2”, explicou. “Eu queria mesmo era colocar a mão na massa, não pensei na economia. Comecei a fazer e vi que tava bonitinho. Mãe quer fazer tudo mesmo”, mas mesmo assim Daniella também economizou com a decoração e resolveu usar a quantia para comprar doces e salgados.
Com a quantia que economizou, Ana Lúcia aproveitou para comprar alguns itens mais sofisticados para compor a decoração da festa como, por exemplo, o centro de mesa (que são barcos em MDF que a unidade custa R$ 18) e as lancheiras (feitas em couro sintético, a unidade foi R$ 14). “Vai ser emocionante no momento da festa quando tiver tudo pronto. E é muito bom dizer que foi você quem fez a festa de 1 ano do filho. É uma data que marca”.
A mãe Daniella Branco já comercializa os produtos na Paraíba e em outros estados (Foto: Inaê Teles/G1)Daniella Branco já tem diversas peças criadas por
ela (Foto: Inaê Teles/G1)
Palavra de especialista
O consultor financeiro Guilherme Baía parabenizou a iniciativa das mamães e alertou para o fato delas transformarem o hobby em profissão. "Tirar a renda de um hobby é uma coisa e querer viver desse hobby é outra bem diferente. Se elas querem transformar o hobby na sua fonte de renda têm que começar a pensar como um negócio e é necessário ter um planejamento", explicou Guilherme.
"Se elas economizaram na festa e conseguiram manter a qualidade dos produtos, então é muito válido. Elas precisam lembrar que a loja cobra mais caro porque tem que pagar impostos, o local, funcionários e uma série de fatores. O empreendedor individual não", disse o consultor financeiro Guilherme Baía.
Artesanato de Daniella Branco é comercializado na Paraíba e em outros estados (Foto: Inaê Teles/G1)Artesanato de Daniella Branco é comercializado na Paraíba e em outros estados (Foto: Inaê Teles/G1)
Ele disse ainda que o fato das mães usarem a economia para investir em outros itens da festa é válido. "Vale muito a pena porque assim elas conseguiram fazer uma festa maior", disse Guilherme.
Maria José, analista do Sebrae, explicou que se Daniella e Ana Lúcia têm esse desejo de se tornarem empreeendedoras, é preciso agora trilhar novos caminhos. “Não adianta achar que só pelo fato de saber fazer uma determinada atividade já pode ser considerada empresária. Tem que buscar conhecimento”, concluiu.

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