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O frade
capucino Damião de Bozano visitou nossa cidade por duas vezes. A primeira se
deu em 1956 durante as Santas Missões que se realizaram em Esperança e Areial,
de 8 a 18 de março daquele ano.
A segunda ocorreu em abril de
1978. Desta vez, o religioso se fez acompanhar do Frei Fernandes. Esta é uma passagem memorável de nossa história.
Há dias a cidade se preparava para receber o Frei Damião de Bozano. As
beatas comentavam a todo instante. Pessoas compravam terços, velas e imagens
que seriam bentas pelo frade.
O comercio aquecia as suas vendas. Nos nosocômios os doentes faziam
prece na esperança de receberem a cura de seus males.
Em casa papai e mamãe comentavam a todo instante. Diziam da sua importância
e santidade; falavam da sua pregação e da multidão que acorria em todo canto
por onde passava.
Lembro-me que era pequeno, tinha perto de 8 anos. Meu pai me colocou nas
costas e fomos ver o missionário capuchinho. Na época, não entendia o que se passara;
uma multidão de pessoas aglomeradas em frente a Igreja. Papai me disse que era
um "santo" e o povo todo assim o tinha.
A praça principal da cidade ficou
repleta de fieis que ouviam atentamente a sua doutrina, assentadas
substancialmente na família e na justiça social.
chegamos o mais próximo possível, uns cinco metros, e o que me
impressionou foram as vestes e de como aquele religioso, já gasto pelo tempo,
abarcava multidões. Não entendia a homilia, mas rezei o pai nosso como todos os
que estavam assistindo a pregação. Foi um momento de muita fé e devoção para
todos.
Olhei a redor e percebi que todos prestavam a atenção. O calçadão estava
repleto, a rua Manuel Rodrigues parecia um mar de gente. Havia pessoas nas
calçadas, nos postes e nas varandas das casas.
Fiz meu pedido em silêncio. Naquele instante tive a certeza de que a fé
remove montanhas.
Monsenhor
Manuel Palmeira registrou que “Havia gente de todas as cidades vizinhas e de
outras mais distantes – Campina Grande, João Pessoa, Recife, Caruaru, Crato,
Juazeiro do Ceará etc. E diversas pessoas que vieram do Rio e de Brasília para
visitar as famílias e para aproveitar o tempo das Missões”. Na opinião do
nosso pároco, aquela visita trouxe “um bom resultado espiritual para a vida
da comunidade”.
Na oportunidade, foi lhe
concedido o título de cidadão esperancense.
Como defensor das missões,
alcançou grande popularidade entre os nordestinos só comparável ao Padre Cícero
do Juazeiro.
Frei Damião faleceu em 31 de maio
de 1997, no Hospital Português do Recife-PE.
Todo ano milhares de romeiros
comparecem a Capela de Nossa Senhora das Graças, no Convento de São Félix, onde
se encontra enterrado, para render-lhe homenagens.
Sua passagem por Esperança até
hoje é lembrada como exemplo de fé e devoção católica.
Rau Ferreira
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