terça-feira, 26 de março de 2013

Indústria investe em inovação e gera dezenas de lançamentos na Páscoa

Simone Cunha Do G1, em São Paulo

Com mais de cem lançamentos neste ano, a Páscoa brasileira vem inovando cada vez mais. As indústrias lançaram mais de 100 novos ovos nesta Páscoa, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
Diamante Negro em formato de diamante, inovação da Lacta na Páscoa de 2013. (Foto: Divulgação/Lacta)Diamante Negro em formato de diamante, inovação
da Lacta em 2013. (Foto: Divulgação/Lacta)
Nos últimos cinco anos, as grandes indústrias de chocolates desenvolveram dezenas de novos ovos a cada Páscoa, investindo em novos formatos, embalagens e sabores.
Os lançamentos da Lacta aumentaram de forma consistente de 2009 para cá, passando de 4 para 13. “Foi natural do entendimento e da maturidade na Páscoa, não há uma grande virada. Fomos aprendendo a fazer, conhecendo mais o consumidor e buscando estar cada vez mais perto e entendendo a necessidade dele”, diz a gerente de marketing de Páscoa da Lacta, Renata Del Claro.
A Garoto mantém uma média de 15 novos ovos por ano e renova todo ano cerca de 80% do portfólio de Páscoa focando em novas versões das principais marcas – Talento, Baton e Serenata de Amor, diz a gerente de produtos da Garoto, Fernanda Canto.
“O consumidor tem até dificuldade de escolher, porque é tanta opção, variedade, tipo”, diz o vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca.
Sem divulgar os investimentos em inovação, as empresas dizem que o conceito é de ordem no segmento Páscoa e exigência do consumidor nesta época de aumento da lucratividade. Na Lacta, foram 18 meses de planejamento e seis meses de produção para a Páscoa deste ano em busca de uma lucratividade cerca de quatro vezes maior que os demais meses do ano.
Lançamento de 2013 da Garoto, Serenata do Amor vem com porta-joias e pingente. (Foto: Divulgação/Garoto)Lançamento de 2013 da Garoto, Serenata do Amor
vem com porta-joias e pingente.
(Foto: Divulgação/Garoto)
Na média da indústria, a Páscoa representa o 13º, ou seja, as vendas do período são o dobro de um mês comum, segundo a Abicab. Na Lacta, segundo Renata, a lucratividade equivale a quatro meses de vendas. “É o pico do consumo de chocolate no país, e a categoria toda tem aumento, mesmo os não voltados à Páscoa”, diz Renata.
Inovação
Entre as inovações tipicamente brasileiras e mais recentes estão os ovos com recheio, para comer de colher, e o gigantismo, que se estabeleceram desde o ano passado.
A Lacta investe pesado em gigantismos, colocando no formato de ovos versões grandes de Bis, Sonho de Valsa e Diamante Negro. A Garoto aposta na transformação dos ovos em presentes, agregando ao chocolate maletas, porta-joias e pingentes. A Nestlé acompanha a Garoto, mas busca atender todos os perfis – entre gourmets e preocupados com preço.
As indústrias também colocam entre os carros chefe da inovação a aposta em mudanças anuais nas principais marcas – caso do Sonho de Valsa, na Lacta, e do Serenata de Amor, na Garoto – por serem produtos que têm uma clientela fiel, mas que busca algo especial para presentear na Páscoa. A marca Sonho de Valsa foi líder de venda nas Páscoa 2011, segundo a Lacta.
No mesmo sentido, a Nestlé lançou o Alpino de colher e Alpino Formato, que exploram a marca vendida em bombom. O Lollo, ícone da década de 1980, que voltou ao mercado nas barras de chocolate com leite maltado, também aparece nesta Páscoa em ovos em duas camadas, sendo a interna com sabor de leite maltado.
Os licenciamentos são outra fonte de inovação, principalmente em produtos voltados para crianças – com licenciamento de filmes e personagens de desenhos e brinquedos – mas também com as licenças ligadas ao futebol.
Alpino Formato é o lançamento da Nestlé no gigantismo - bombons gigantes (Foto: Divulgação/Nestlé)Alpino Formato é o lançamento da Nestlé no gigantismo - bombons gigantes (Foto: Divulgação/Nestlé)

Desenvolvimento
Na Lacta, a inovação na Páscoa é comandada por uma equipe de cerca de 20 pessoas, contratada para trabalhar só com a data pesquisando, inventando, trazendo inovações.
Chamado de time multifuncional, a equipe reúne engenheiros de desenvolvimento de produtos e embalagens, equipe de tecnologia, além de áreas de apoio como marketing, planejamento e logísitica.
A estrutura da Lacta é a semelhante a existentes nas outras grandes indústrias, segundo o vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca. Segundo ele, as empresas estimulam intercâmbio entre laboratórios e gestão do exterior, informação e know how. Já as pequenas contratam empresas especializadas em marketing e inovação de produtos, um mercado menor porque voltado a indústrias de médio porte.
Demanda
“A gente entende que isso (a inovação) é uma demanda do consumidor”, diz a gerente de marketing de Páscoa da Lacta, Renata Del Claro. A Abicab concorda apontando que o cliente tem exigido inovações, buscado produto importado e diferente do que tem corriqueiramente.
Ovo com casca recheada, como a do Sonho de Valsa, é inovação que veio das chocolaterias para a indústria. (Foto: Divulgação/Lacta)Ovo com casca recheada, como a do Sonho de
Valsa, é inovação que veio das chocolaterias para
a indústria. (Foto: Divulgação/Lacta)
“Investimos constantemente em pesquisas para entender o significado da Páscoa para o consumidor e o que ele espera deste momento. O resultado deste conhecimento está refletido nas inovações trazidas pela marca, com produtos especiais, e embalagens mais presenteáveis”, afirma Renata.
Entre as inovações da Lacta, segundo Renata, está a fabricação industrial dos ovos tripla camada, que leva duas de chocolate maciço e uma cremosa no meio. A empresa teria trazido o clássico das chocolaterias, de ovos caseiros, para a grande escala e o processo industrial.
Por fazer parte do grupo Mondelez, que vende suas marcas – como Cadbury e Milka – em cerca de 160 países, a inovação na Lacta se beneficia também da sinergia com as equipes de outros países. Já o aproveitamento das inovações brasileiras para a Páscoa em outros países enfrenta a barreira cultural. Poucos têm Páscoa como a nossa e, nos que têm, a tradição de presentear com chocolates é diferente. “O Brasil tem característica de produtos ofertados na Páscoa muito diferente dos outros países. A característica de gostar de tamanhos grandes. Gigantismos são daqui”, diz Renata, da Lacta.
Segundo a Abicab, a inovação passa pelo desenvolvimento de moldes em formatos diferentes e na busca pelo aumento da produtividade e da redução de custos. “As empresas têm automatizado as linhas de produção, o que é difícil no setor porque é uma produção muito manual, o que no Brasil não é barato por que não pode ser substituída”, diz Ubiracy.
Os desenvolvimentos não se estendem a equipamentos, segundo Ubiracy. “É mais na apresentação dos produtos. Brasil inventou o ovo para comer com colher, que traz o próprio produto da marca e os formatos também são inovação brasileira, que traduz o chocolate, o formato dele, no produto”, diz.

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