Pouco
mais de um terço da água produzida na Paraíba escoa pelo ralo. Segundo
pesquisa publicada pela Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (Oscip), Instituto Trata Brasil, divulgada nesta terça-feira
(19), o índice de perda de faturamento da Companhia de Água e Esgoto da
Paraíba (Cagepa) é de 36, 79%. No Brasil, as empresas de fornecimento de
água perdem 35,7%.
A perda é devido a vazamentos, ligações
clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo do
produto. O estado do Amapá lidera esse ranking com 74,36%. A Paraíba
fica na posição intermediaria, ocupando o 16º lugar, entre os estados
que mais perdem em faturamento. A Paraíba produz o equivalente a 1,60%
do volume de água do Brasil.
Mesmo assimn, a pesquisa destaca
também que somente 40% dos estados brasileiros apresentaram, em 2010,
índices de perdas de faturamento inferiores ao nível médio das perdas
nacionais, sendo um estado na região Norte (Tocantins, 21,93%), três
estados na região Nordeste (Ceará, 21,76%; Bahia, 30,27%; e Paraíba,
36,79%), dois da região Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, 19,65% e
Goiás, 31,29%), três da região Sudeste (Minas Gerais, 29,15%, Espírito
Santo, 27,15% e São Paulo, 32,55%), e dois da região Sul (Paraná, 21,09%
e Santa Catarina, 22,03%).
O levantamento é referente aos dados
de 2010 e é baseado nas perdas financeiras dos provedores dos serviços
informadas ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS),
do Ministério das Cidades. O estudo foi feito pelos professores Rudinei
Toneto Jr., da Universidade de São Paulo (USP) e Carlos Saiani, do
Instituto Mackenzie.
De acordo com o estudo, “As perdas
financeiras são derivadas de ligações clandestinas, roubos de água,
problemas ou falta de hidrantes e de medição em geral, submedições e,
sobretudo, dos vazamentos que ocorrem em horários de baixa demanda, por
corrosão ou idade avançada das redes de distribuição, uso de materiais
inadequados ou fora dos padrões técnicos, obras mal executadas, entre
outros”.
Em 2010, o valor de água cobrado por metro cúbico na
Paraíba era de R$ 2,32, enquanto o seu custo médio com os serviços era
de 2,89, ou seja, um prejuízo de 59 centavos por cada metro cúbico. Com o
resultado que a Paraíba teve um déficit de 23,95% no desempenho
financeiro e de 16,92% de suficiência de caixa.
Ainda segundo
apresenta a pesquisa, em 2010 a receita operacional direta de água era
de R$ 280.482 milhões. O aumento da receita direta de água com redução
de 10% nas perdas foi de R$ 17.175 milhões (6,10%). O levanto apresenta
também o investimento realizado em abastecimento de água pelo prestador
de serviço foi de R$ 29.983 milhões, o que significa que a razão entre
aumento na receita operacional direta de água e investimento é de 57%.
De
acordo com a pesquisa a perda em João Pessoa na distribuição da água é
de 49,8%, enquanto a de faturamento é de 37,9%. Já a cidade Campina
Grande tem 42,5% na perda de distribuição e 29% no faturamento.
“As
perdas de água representam um dos maiores desafios e dificuldades para a
expansão das redes de distribuição de água no Brasil. A perda
financeira com a água produzida e não faturada faz com que o setor do
saneamento perca recursos financeiros fundamentais também para a
expansão do esgotamento sanitário no país”, apontou o estudo.
O
Instituto Trata Brasil tem entre seus apoiadores as empresas Braskem, a
Tigre, Amanco, o Instituto Vladimir Herzog, a Agência Nacional de Águas
(ANA), e o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma).
O avanço do saneamento básico no Brasil, uma
das áreas mais atrasadas na da infraestrutura nacional, dependerá de
melhorias na gestão do setor, em especial da situação dramática das
perdas de água no Brasil. Em 2010, as perdas de faturamento das empresas
operadoras com vazamentos, roubos e ligações clandestinas, falta de
medição ou medições incorretas no consumo de água, alcançaram, na média
nacional 37,5%. Uma redução de apenas 10% nas perdas no País agregaria
R$ 1,3 bilhão à receita operacional com a água, equivalente a 42% do
investimento realizado em abastecimento de água para todo o País naquele
ano. Redução de perdas mais significativas ajudaria ainda mais as
empresas a terem recursos para a expansão do atendimento em água
potável, mas também da ampliação das redes de esgoto e seu tratamento.
O
estudo utilizou informações sobre os serviços de abastecimento de água
em 4.926 municípios brasileiros, dos quais 333 na região norte (7%),
1584 na região nordeste (32%), 417 na região centro-oeste (8%), 1505 na
região sudeste (31%) e 1087 na região sul (22%).
Em 2010, a média
brasileira de perdas de faturamento era igual a 37,57%, com média de
51,55% na região Norte; 44,93% na região Nordeste; 32,59% na região
Centro-Oeste; 35,19% na região Sudeste; e 32,29% na região Sul.
No
que diz respeito aos índices de perdas de faturamento por estados é
importante destacar que há uma maior variação dos índices dos estados
componentes das regiões norte e nordeste. Na região Norte os índices de
perdas de faturamento oscilam de 21,93% no estado de Tocantins a 74,6%
no estado do Amapá. No Nordeste as oscilações dos índices de perdas
também são notáveis: enquanto o Ceará apresenta índice igual a 21,76%, o
estado de Alagoas apresenta índice igual a 65,87%.
Nos estados
das demais regiões as variações nos índices de perdas de faturamento são
menores, mesmo assim cabe destacar que em alguns estados os índices são
superiores a 40%, como é o caso de Mato Grosso (43,79%), na região
Centro-Oeste; do Rio de Janeiro (46,95%), no Sudeste; e do Rio Grande do
Sul (47,07%), na região Sul.
Fonte portal correio
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