A
beleza das noites enluaradas de junho muitas vezes passa despercebida,
isso porque as pessoas perderam o hábito de contemplar o céu. Teríamos
ficado menos românticos? Ou será que o ritmo de vida do homem moderno
não o deixa com tempo para os pequenos e simples prazeres da vida? Ou
ainda, talvez seja a falta de um atrativo capaz de hipnotizar os olhares
e encantar as noites de fogueira: o balão de São João.
A
arte de confeccionar e soltar balões de papel impulsionados por ar
quente é muito antiga e tem sua origem na China. O primeiro registro que
se tem notícia remonta ao ano de 1306, na comemoração da coroação do
imperador chinês Fo-Kien.
O
costume foi incorporado pelos italianos, tornando-se comum na Europa.
Em Portugal, pequenos papéis com pedidos aos santos eram escritos e
amarrados nos balões, mas a principal utilidade era informar á toda
região que os festejos haviam começado.
No
Brasil, a prática foi incluída na cultura nacional em 1583, através dos
colonizadores portugueses, e sua realização se dava entre maio e
agosto, no chamado período junino. Durante esses meses, o ar seco e as
estiagens tomam conta de algumas partes do país, tornando o lançamento
de balões juninos, algo muito perigoso, podendo ocasionar incêndios
florestais ou em áreas urbanas.
Atualmente
essa é uma prática proibida, configurando-se crime ambiental segundo o
artigo 42 da lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98), fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas
e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano, pode levar a pessoa a ser multada ou até mesmo
condenada à pena de detenção de um a três anos. Um levantamento feito
pelo corpo de bombeiros do estado do Rio de Janeiro registrou que 25%
dos incêndios identificados no ano de 2007 foram provocados por queda
balões.
Para
o agricultor José Carlos, residente da zona rural no município de
Arara, no brejo paraibano, o costume de soltar balões juninos
praticamente extinguiu-se, pelo menos em sua região, mas ele ressalta,
“as pessoas costumavam se juntar não só para confeccionar o balão, mas
também para lançá-lo no ar, eles abrilhantavam a noite de São João, e
carregava nossos desejos ao santo. Essas reuniões aproximavam a família e
os amigos”.
Se
o balão junino já não sobe aos céus, seu colorido ainda é marcante no
cenário junino ao lado das bandeirolas, nos pavilhões que ornamentam as
ruas e nos salões de festas. Além de estar presente nos versos das
canções dos compositores populares e, principalmente, nas lembranças dos
nossos pais e avós que vivenciaram esse espetáculo de beleza e perigo.
Repórter Junino
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