terça-feira, 29 de maio de 2012

Balões juninos: Tradição, encanto e perigo


A beleza das noites enluaradas de junho muitas vezes passa despercebida, isso porque as pessoas perderam o hábito de contemplar o céu. Teríamos ficado menos românticos? Ou será que o ritmo de vida do homem moderno não o deixa com tempo para os pequenos e simples prazeres da vida? Ou ainda, talvez seja a falta de um atrativo capaz de hipnotizar os olhares e encantar as noites de fogueira: o balão de São João.
A arte de confeccionar e soltar balões de papel impulsionados por ar quente é muito antiga e tem sua origem na China. O primeiro registro que se tem notícia remonta ao ano de 1306, na comemoração da coroação do imperador chinês Fo-Kien. 
O costume foi incorporado pelos italianos, tornando-se comum na Europa. Em Portugal, pequenos papéis com pedidos aos santos eram escritos e amarrados nos balões, mas a principal utilidade era informar á toda região que os festejos haviam começado.
No Brasil, a prática foi incluída na cultura nacional em 1583, através dos colonizadores portugueses, e sua realização se dava entre maio e agosto, no chamado período junino. Durante esses meses, o ar seco e as estiagens tomam conta de algumas partes do país, tornando o lançamento de balões juninos, algo muito perigoso, podendo ocasionar incêndios florestais ou em áreas urbanas. 
Atualmente essa é uma prática proibida, configurando-se crime ambiental segundo o artigo 42 da lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98), fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, pode levar a pessoa a ser multada ou até mesmo condenada à pena de detenção de um a três anos. Um levantamento feito pelo corpo de bombeiros do estado do Rio de Janeiro registrou que 25% dos incêndios identificados no ano de 2007 foram provocados por queda balões.
Para o agricultor José Carlos, residente da zona rural no município de Arara, no brejo paraibano, o costume de soltar balões juninos praticamente extinguiu-se, pelo menos em sua região, mas ele ressalta, “as pessoas costumavam se juntar não só para confeccionar o balão, mas também para lançá-lo no ar, eles abrilhantavam a noite de São João, e carregava nossos desejos ao santo. Essas reuniões aproximavam a família e os amigos”.
Se o balão junino já não sobe aos céus, seu colorido ainda é marcante no cenário junino ao lado das bandeirolas, nos pavilhões que ornamentam as ruas e nos salões de festas. Além de estar presente nos versos das canções dos compositores populares e, principalmente, nas lembranças dos nossos pais e avós que vivenciaram esse espetáculo de beleza e perigo.

Repórter Junino 

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