Morreu agora, na manhã deste sábado aos
76 anos de idade, em João Pessoa, o poeta e ex-prefeito, ex-governador e
ex-senador da República Ronaldo José da Cunha Lima. A família já está
providenciando o cerimonial fúnebre juntamente com o cerimonial do
Govern o do Estado, e o translado do corpo para Campina Grande, onde
será sepultado.
Coincidência ou não, ou desígnios de
Deus, a morte de Ronaldo coincide no horário (09:45 hs.) com a morte de
Tarcisio Burity, a quem desferiu três tiros no chamado episódio do
Gulliver, e 24 horas antes da dada do desenlace do seu opositor: 08 de
julho de 2003.
Acometido de um câncer, inicialmente
instalado no pulmão esquerdo, Ronaldo viu a doença alastrar-se por todo o
seu corpo e enfrentou nesses últimos meses um verdadeiro calvário de
sofrimento, desde o hopital Sírio Libanês, em São Paulo, ao hospital da
Unimed, em João Pessoa, e por último numa UTI domiciliar em seu
apartamento na praia de Manaíra.
A longa e desigual batalha contra o mal acabou hoje, sendo vencido o poeta.
O jovem Ronaldo discursa na campanha de 1959, ao lado do candidato a prefeito Newton Rique
Ronaldo José da Cunha Lima nasceu em
Guarabira, brejo da Paraíba, no dia 18 de março de 1936. Era filho de
Antonio e Nenzinha Cunha Lima. Estudou no Colégio Pio X e no Colégio
Estadual do Prata, em Campina Grande. Bacharelou-se em Ciências
Jurídicas pela Faculdade de Direito da UFPB. Era casado com Maria da
Glória Rodrigues da Cunha Lima, com quem teve quatro filhos: Ronaldo
Cunha Lima Filho, Cássio Rodrigues da Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e
Savigny Cunha Lima.
Em 1951, iniciou a vida como vendedor de
jornais, depois como garçom no restaurante do seu irmão Aluísio.
Trabalhou na Associação Comercial de Campina Grande, na Rede Ferroviária
do Nordeste e no Cartório de D. Nevinha Tavares, tudo isso para custear
os estudos e ajudar as despesas domésticas, porque o seu pai, pobre,
faleceu muito cedo, deixando D. Nenzinha com a responsabilidade de criar
e educar a família numerosa. Ronaldo também desde jovem já demonstrava
vocação para a política.
CARREIRA POLÍTICA
Ainda estudante, Ronaldo foi
representante estudantil e vice-presidente do Centro Estudantil
Campinense. Começou a sua carreira política sendo vereador em Campina
Grande, onde depois foi eleito prefeito em 1968, com posse em 31 de
janeiro de 1969. Em 14 de março de 1969 teve os seus direitos políticos
cassados, passando dez anos no ostracismo, indo para São Paulo e depois
para o Rio de Janeiro, recomeçando a sua carreira de advogado.
Ronaldo abraça o amigo Newton Rique, eleito prefeito em 1963 e cassado pela ditadura militar
Anistiado, em 1982 foi reconduzido à
Prefeitura de Campina Grande pelo voto popular. No seu mandato à frente
da PMCG (1983 a 1989) teve como Vice-Prefeito Antônio de Carvalho Souza,
o qual assumiu a titularidade por trinta e três vezes no curso do
mandato.
Ronaldo construiu o Parque do Povo, com
um projeto já criado pelo prefeito precedente Enivaldo Ribeiro, a
terceira adutora, a Casa do Poeta, dentre outras obras.
Foi governador da Paraíba (1991 a 1994),
Senador da República (1995/2002) e foi deputado federal, eleito pela 1ª
vez em 2002 com mais de 95 mil votos e reeleito em 2006 com 124.192
votos.
POESIA
Estudioso da obra de Augusto dos Anjos,
Ronaldo participou com brilhantismo do programa de televisão ‘Show sem
Limite’, respondendo sobre a vida e a obra do grande poeta paraibano.
È autor da petição em versos intitulada
“Habeas Pinho”, que está espalhada por diversos escritórios de
advocacia , restaurantes e bares do Estado da Paraíba.
Membro da Academia Campinense de Letras,
Membro do Conselho Federal da OAB. Ronaldo Cunha Lima ingressou na
Academia de Letras em 11 de março de 1994, saudado pelo saudoso
acadêmico Amaury Vasconcelos.
Em 1004, Ronaldo foi indicado para ocupar uma cadeira na Academia Paraibana de Letras (APL)
Ronaldo lançou, entre outros livros, os seguintes:
- 50 canções de amor e um poema de espera, 1955
- Livro dos tercetos - Em defesa da língua portuguesa (discurso no Senado Federal, 1998)
- 3 seis, 5 setes, 4 oitos e 3 noves - grito das águas (discurso no Senado Federal, 1999)
- A seu serviço II, 1999
- A seu serviço III, 2000
- Roteiro sentimental – fragmentos humanos e urbanos de Campina Grande, 2001.
- Breves e leves poemas, 2005
- Velas enfunadas, poemas à beira mar - Idéia/Forma - Editora , 2010
- Poesias Forenses, Grafset/Max Limonad Editora João Pessoa - PB, 2002
- Sal no rosto - sonetos escolhidos, Editora José Olympio, 2006
- Poemas de sala e quarto, Geração Editorial, 1992
- Poemas amenos, amores demais - Gráfica JB 2003
- Azul itinerante, poesia policrômica - Editora José Olympio, 2006
- Versos gramaticais, 1994
- As flores na janela sem ninguém - uma história em verso e prosa , Editora José Olympio 2007
CASO GULLIVER
Eleito pelo PMDB, Ronaldo Cunha Lima foi
governador da Paraíba entre 1991 e 1994. Durante o período que governou
o estado cometeu tentativa de homicidio, disparando três tiros contra o
seu antecessor, Tarcisio Burity, em um restaurante da Capital, no
episódio conhecido como 'Caso Gulliver'.
Capa da VEJA historiando um dos raros atos falhos da vida de Ronaldo: os tiros em Burity.
Em cinco de novembro de 1993 Ronaldo
Cunha Lima disparou três tiros contra o seu antecessor, o ex-governador
Tarc isio Burity, quando este almoçava com amigos no Restaurante
Gulliver em João Pessoa.. Cunha Lima não aceitou as duras críticas e
acusações que Burity supostamente fazia ao seu filho Cásszio Cunha Lima
(na época do fato superintendente da SUDENE) em um programa de televisão
local.
Tarcisio Burity ficou vários dias em
coma, mas conseguiu sobreviver ao ataque. Ele morreu dez anos depois no
dia 08 de julho de 2003, vítima de falência múltipla dos órgãos e de
parada cardiocirculatória.
Ronaldo foi Senador da República entre
1995 e 2002 e deputado federal entre 2003 e 2007, quando renunciou em
outubro para não ser julgado pelo processo do 'Caso Gulliver' no STF, o
que provocou duras critícas do relator do caso, Joaquim Barbosa.
No dia 26 de julho de 2011, seu filho
Cássio Cunha Lima, anunciou ao público o dignóstico de sua doença: "O
diagnóstico do poeta foi fechado: Adenocarcinoma no pulmão esquerdo. Ele
fará apenas radioterapia e ficará curado. Obrigado pela solidariedade",
escreveu.
O tratamento começou a ser realizado no
Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, sob a coordenação do cirurgião
torácico Riad Younes.
Em festa de aniversário, Ronaldo com amigos: Marcos Marinho e Antonio Marcos, jornalistas d'A PALAVRA.
Fonte: A Palavra
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