Ronaldo Cunha Lima no Senado, em 1994
(Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)
Em quase 50 anos de carreira política, Ronaldo Cunha Lima assumiu quase
todos os cargos eletivos, exceto o de presidente da república. Campina Grande
foi o palco de sua história política, onde ele realizou suas maiores
obras, deixando como marca a construção do Parque do Povo, espaço que se
tornou palco da festa que hoje é conhecida como o 'Maior São João do
Mundo'. O ex-governador da Paraíba morreu neste sábado (7) vítima de um
câncer no pulmão.(Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)
Ronaldo José da Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formado em Ciências Jurídicas, ele era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima e tinha quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.
A história política de Ronaldo teve como cenário principal a cidade de Campina Grande onde em 1959, aos 23 anos, foi eleito para o cargo de vereador pelo PTB. Em 1963 ele foi eleito para o cargo de deputado estadual e quatro anos depois foi reeleito.
Em 1969, no meio do segundo mandato de deputado, ele abriu mão do cargo e se candidatou e foi eleito prefeito de Campina Grande pelo MDB. Pouco tempo depois de assumir teve o mandato cassado pela ditadura militar.
Em 1990, nas primeiras eleições gerais depois da redemocratização, Ronaldo Cunha Lima foi eleito governador da Paraíba. Quando exercia o mandato ele se envolveu no episódio mais polêmico de sua vida ao atirar contra o seu antecessor Tarcísio Burity em um restaurante em João Pessoa.
O atentado contra Burity foi em 1993 e ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do restaurante onde aconteceu o crime. O ex-governador chegou a ser preso, mas três dias depois conseguiu a liberdade provisória. A tentativa de homicídio foi supostamente motivada por críticas que a vítima teria feito a Cássio Cunha Lima, que era superintendente da Sudene. Burity sobreviveu e morreu dez anos depois vítima de complicações cardíacas. Esse caso fez com que Ronaldo renunciasse, em 2007, ao segundo mandato de deputado federal.
Ronaldo Cunha Lima deixou o governo estadual em 1994 pra concorrer à eleição para o Senado Federal sendo substituído por Cícero Lucena. Naquele ano o PMDB saiu como grande vitorioso nas urnas elegendo Antônio Mariz para como governador e Ronaldo e Humberto Lucena como senadores.
Em 1999, quando ainda exercia o mandato de senador, Cunha Lima sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou com a saúde debilitada. Isso, no entanto, não fez com que ele deixasse a vida pública e em 2002 foi eleito deputado federal. No ano de 2006 ele foi reeleito, mas em 2007 renunciou ao cargo para escapar do julgamento do 'Caso Gulliver' pelo Supremo Tribunal Federal.
Ronaldo abraça José Maranhão na covenção do
PMDB em 2001 (Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)
Racha com o PMDB foi polêmicoPMDB em 2001 (Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)
Em 1998 Ronaldo tentou ser candidato ao governo mais uma vez. Ele disputou a convenção do PMDB com José Maranhão, que havia assumido após a morte de Antônio Mariz, e acabou sendo derrotado. O processo gerou um racha no partido e três anos mais tarde o ex-governador e seu grupo migraram para o PSDB.
Na época, Ronaldo tentou ser candidato ao governo, mas acabou perdendo para Maranhão na convenção do partido. Até hoje, políticos afirmam que a votação teria sido “trapaceada” para beneficiar Maranhão. Essa tese, no entanto, nunca foi comprovada.
Ronaldo Cunha Lima foi detido para prestar
esclarecimentos sobre tiros contra Tarcísio Burity;
em foto de 1993 (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
'Caso Gulliver' e a renúnciaesclarecimentos sobre tiros contra Tarcísio Burity;
em foto de 1993 (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
A tentativa de assassinar seu adversário político, Tarcísio Burity, em 13 de setembro de 1993 foi uma mancha na trajetória política do ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima. Na ocasião, Ronaldo atirou três vezes contra o também ex-governador, e seu antecessor, Tarcísio de Miranda Burity dentro de um restaurante em João Pessoa. O episódio ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do local onde ocorreu a tentativa de homicídio.
O ataque de Ronaldo Cunha Lima foi supostamente motivado por críticas que Burity fez ao seu filho, o também ex-governador e hoje senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que na época era superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Burity ficou alguns dias internado, mas conseguiu sobreviver. Em 2003, morreu vítima de problemas cardíacos.
Ronaldo chegou a ser preso, mas três dias depois conseguiu a liberdade provisória. Ainda em 1993, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão do então governador. Com a eleição de Ronaldo para o Senado Federal, a ação penal contra ele mudou de instância. Em agosto de 2002, o Supremo Tribunal Federal recebeu por unanimidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público.
Com a renúncia, Ronaldo fez o processo voltar para a Justiça da Paraíba e ser retomado do zero. Na época o ministro do STF, Joaquim Barbosa, então relator da ação contra o ex-governador, classificou o ato como um “escárnio” e questionou o foro privilegiado. “O gesto dele mostra como é perverso o foro privilegiado. Este homem manobrou e usou de chicanas por 14 anos para fugir do julgamento", disse Barbosa.
Pouco antes de Ronaldo morrer, o processo do ex-governador ainda estava correndo na Justiça. A última decisão sobre o caso saiu no dia 27 de junho, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um recurso da defesa de Ronaldo Cunha Lima que pedia a prescrição do crime.
A viúva de Burity, a professora Glauce Burity também criticou a renúncia de Ronaldo Cunha Lima pra não ser julgado pelo STF. “Foi com muita indignação que nós todos, eu e meus filhos, soubemos da renúncia. Chegamos à conclusão que foi uma atitude covarde. Ele praticou o ato e deveria assumir", afirmou ela na época.
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